"- Vô, quem foi Getúlio Vargas?
- O que foi o Dia D?
- Conta aquela vez que você era pequeno e foram de fordinho para São Paulo, e aquela outra vez que pegou fogo na máquina de café.
E os olhos embaçados do avô se iluminam. Ele endireita as costas e como se inflasse o peito cheio de histórias prontas para ganhar vida, conta para os mais novos suas lembranças de outros tempos. Seus conhecimentos não vão morrer com ele, há pessoas interessadas em suas vivências, em conhecer como foi sua vida.
- Vô, por que você não escreve essas histórias? Assim todo mundo pode saber o que aconteceu. Na escola, li um livro em que a Ilka fez isso...
"A minha história começa muitos e muitos anos atrás.
Atrás de onde?, podem perguntar vocês. E eu responderei: atrás de hoje. Ontem. Antes de anteontem. Longe, na minha memória: lá é o tempo e o espaço da minha infância.
Eu vou morrer um dia, porque tudo o que nasce também morre: bicho, planta, mulher, homem. Mas as histórias podem durar depois de nós. Basta que sejam em folhas de papel e que suas letras mortas sejam ressuscitadas por olhos que saibam ler."
Ilka Brunhilde Laurito. A menina que fez a América. São Paulo: FTD, 2002.
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